Ouço vozes murmúrios confusos
Meu pensamento perde o referencial
Braços disformes me empurram pro abismo (simbolismo?)
O céu dos tolos ou inferno do animal
Olhos caminham a sós lado a lado
Cantam sem voz em seu missal
Braços disformes me empurram pro abismo (fetichismo?)
Dança da gênese é o prenuncio do final
Acalantos sufocam degolam
A histeria permeia o ritual
Braços disformes me empurram pro abismo (impressionismo?)
A tara do insano ou gana total
Beijos selam o irônico e o obscuro
Mundos estranhos manipulam o real
Braços disformes me empurram pro abismo (impressionismo?)
O estarão do pedinte o requeiro fatal
Eu não aguento mais tanta pressão
Mamãe não conversa mais comigo
Meu pai tá nessa multidão
(Sou o fruto do luto da falência)
To presa numa ilha
Sei que é difícil ser pai
Mas pior é ser filha
(Sou o peso do descaso da indiferença)
Então o que resta
O que resta então
Então o que resta, é o porão
(Sou o resto do lixo da indigência)
Meu pai me acha uma beldade
Mamãe só fala em castidade
A gente quer falar de humanidade
(Sou o feto do desafeto da maledicência)
De possibilidades
De acessibilidades
Discutir a violência das cidades
(Sou a força ou comparsa da violência)
Mas meu pai só quer saber
Mas meu pai só quer falar
Sobre a minha virgindade
(Sou resposta da aposta da inconsequência)
Então
Então o que me resta
O que resta então
Então o que resta, e o porão
(Sou a guerra profana da indecência)
Sou eu ou você a incoerência
Status, egoísmo, preciosismo banal
Idílio fanatismo, amante virtual
Status, egoísmo, preciosismo banal
Idílio fanatismo, amante virtual
E a luta da vida entre o bem e o mal
Catarse ferido, veredicto cabal
Status, egoísmo, preciosismo banal
Idílio fanatismo, amante virtual