O povo anda comendo pedra
Tomando suco de capim
O leite quente e doce das pedras
Alimentando o corpo ruim
Sopa de tábuas com pregos da feira
Pasta de lama um sanduba de jeans
Salada de ossos do pé da caveira
Com fitas mofadas do senhor do Bonfim
Pras promessas vamos dar gargalhadas
Pois essa fome nos mata
Quero ver quem vai
Quero ver quem vai sucumbir essa ordem
Rostos nordestinos largos de esperança
Ocultam um grito anarquia sim
Na luta entre negros e brancos sem grana
A desordem em plenário
A burrice sem fim
O HIV destruindo a esperança
No começo da luta
Essa fome é infinita
É Betinho dando comida as crianças
É o povo de luto vendendo seu rim.