Será que foi o medo da paixão
a carne dura mergulhada na razão?
Olhar limitado, turvo e cansado da poluição
Que seca e entristece o cansado coração
a voz que esqueceu o sim, dispara agora só o não?
Dispara agora só o não!
Os amores esquecidos do romântico que encolheu
Envergonhado da doçura que viveu
Perdido, acuado, tão confuso, se esqueceu
Do sorriso entre amigos. A canção envelheceu
Apagou a melodia, a harmonia. Foi seu canto que morreu
Seus gestos já não dizem nada. Fonte que secou
Rua cinza, folhas secas espalhadas pelo vento que soprou
E deixou marcas no corpo caído que se retalhou
Trancado no quarto. É o que sobrou
Da vaidosa juventude, das belas melodias que versou
Que versou!
É o nada, o vazio, o escuro espalhado
Pelos becos, nas esquinas, no cérebro apagado
Que antes sentia o calor do espírito inspirado
Com as cores, a libido, traçadas no seio despertado
Que pulsava a alma, a cor do sonho emancipado