Notícia de brilho fosco,
De sangue e celulose
Papel de um mundo torto,
Em processo de metamorfose.
Fatos em preto e branco,
Tragédias e prantos
São escritos
Com letras e mortes
A notícia
Está fria, muda
E manipulável
E o fato já está é farto
Do teatro que participa
Da notícia que respinga
Essas tragédias coloridas
A cidade já perdeu as contas
Das notícias que semearam
A discórdia entre o ato e o fato
E a verdade ficou oculta
Nas linhas e nas imagens
Ficaram palavras turvas
E nos perdemos na imensidão
Dessa nossa dimensão
Onde não estamos no real
Mas na ilusão
A notícia virou sensação
E às vezes é informação
O fato está descartável
Nesse mundo inflamável
Sangue não é tinta pra jornal
E a verdade é artificial
Maquiada pelas luzes
Da coluna social.
Há sonhos pelas ruas
Noticiados como baderna
A verdade na expressão
Da face frente à miséria
A retina fotografando
A manchete do amanhã
Escrevendo novas páginas
Das incertezas
Que cobre a vida vã