Meu corpo vem da raiz
Por onde o som vem e emana
Sou solo fértil, aprendiz
Sou safra farta da cana
Sou sobrado e a choupana,
Pros casarões sou engenho
Pois te digo de onde venho
Posso bem lhe convencer
Meu corpo vem da raiz
Lá dos confins de você
Traçando em ponta de giz
Pétala, flor, qual retalho
Que abranda folhas febris
Vestida a gotas de orvalho
O teu fruto em tronco talho
Detalhando o teu desenho
Traço um traço em traço cenho
Quando tento te tecer
Meu corpo vem da raiz
Lá dos confins de você
A tua sombra refiz
Fertilizando, somente.
Nasceu tal qual flor de lis
Embora o sol muito quente
Nunca mais foste semente
Te tornaste um baobá
E eu corri pra te olhar
Tu correste pra me ver
Meu corpo vem da raiz
Lá dos confins de você